Fonte: Brasil Escola
A desnutrição é uma condição clínica que ocorre quando há deficiência ou excesso de nutrientes essenciais. Nós estamos acostumados a associar a palavra desnutrição à falta de alimentos e à população de baixa renda, que não possui recursos para manter uma alimentação balanceada, mas fatores genéticos e ambientais e a falta de informação sobre alimentação e nutrição também são culpados pela grande parte dos casos de desnutrição em nosso país.
Nos dias atuais, nossa rotina diária exige muito tempo de nós e, dessa forma, acabamos nos alimentando mal, com alimentos industrializados mais fáceis de preparar e sem nutrientes que consigam suprir a nossa demanda energética e nutricional diária. O alto consumo de alimentos ricos em gordura em geral e alimentos industrializados ricos em açúcar e sódio e a diminuição no consumo de cereais, leguminosas, frutas, legumes e verduras favorecem o desenvolvimento da desnutrição, que pode provocar problemas no metabolismo, favorecendo o aparecimento de doenças cardiovasculares e hipertensão.
No Hospital das Clínicas de São Paulo, alguns estudos verificaram que 49% dos pacientes que estavam hospitalizados com sintomas de outras doenças foram diagnosticados como desnutridos. “É comum alguns pacientes internados com anemia, problemas de colesterol, entre outros sintomas, descobrirem que estão também desnutridos. Isso ocorre devido aos maus hábitos alimentares. A carência de vitaminas e nutrientes e o descuido com a nutrição, bem como a falta de exercícios físicos, favorecem o surgimento de doenças nutricionais que poderiam ser prevenidas com medidas simples de educação alimentar e com a disponibilidade de mais informações sobre alimentação e nutrição”, afirma o médico nutrólogo, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Dr. José Eduardo Dutra de Oliveira.
Pesquisas feitas entre a população brasileira apontam que aproximadamente de 10% a 15% dos brasileiros apresentam desnutrição causada pela falta de acesso a alimentos em quantidade e qualidade apropriadas, e que, em média, 60% da população apresenta distúrbio nutricional alimentar por consumir alimentos pobres em nutrientes essenciais, sendo que 40% da população apresentará alguma doença crônica como câncer, diabetes, doenças do aparelho circulatório e respiratórias crônicas.
“Alimentar-se no mínimo três vezes ao dia em horários definidos, ingerir quantidades equilibradas de vários nutrientes, dando preferência a pratos coloridos, com grande variedade de alimentos e fazer as refeições em ambientes tranquilos, são iniciativas que, além de evitar a desnutrição, podem garantir uma melhor nutrição e qualidade de vida para a população brasileira”, ressalta o Dr. Oliveira.
No Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), criada no ano de 1999, propôs diretrizes considerando como pressuposto o direito humano à alimentação adequada e à segurança alimentar e nutricional. Dentre as ações enumeradas, podemos citar as medidas de promoção da alimentação saudável, que pode ser considerada um desafio, porque promover uma alimentação saudável depende do apoio das pessoas para que elas adotem modos de vida saudáveis. Em um mundo em que a globalização e a urbanização caracterizam-se como “dificultadores” de práticas alimentares saudáveis, e que batem de frente com interesses econômicos contrários à saúde pública, torna-se muito difícil a adoção de qualquer prática saudável.
Dessa forma, é essencial associar medidas de incentivo à população, como campanhas de educação alimentar e nutrição, medidas de apoio (como rotulagem nutricional dos alimentos e acesso físico a alimentos saudáveis) e medidas de proteção (como proteger a população, principalmente o público infantil, da publicidade de alimentos ricos em açúcar, gordura e sal e impedir a oferta e o comércio desses produtos no ambiente escolar, já que a escola é um ambiente fundamental para a formação de hábitos alimentares saudáveis).
A fim de conscientizar alunos e também toda a comunidade escolar (pais, educadores, entre outros), o Ministério da Saúde está promovendo uma campanha em diversas escolas da rede pública do país para incentivar melhores hábitos alimentares, visando a prevenção da obesidade e doenças crônicas como diabetes, câncer, doenças do aparelho circulatório e respiratórias.